SÍNTESE CUBANA
ASSOCIAÇÃO CULTURAL
JOSÉ MARTÍ
Os cubanos comemoraram, na segunda, dia 26, o 57º aniversário do assalto ao Quartel de Moncada. A data, maior festa da Revolução, é conhecida como o Dia da Rebeldia Cubana. O presidente Raul Castro comandou ato na Praça Ernesto Che Guevara, em Santa Clara, onde repousam os restos do guerrilheiro argentino. Fidel, contudo, não esteve presente. Ele participou, no sábado, dia 24, de uma cerimônia em memória dos ex-combatentes da revolução.
CASA DE AMIZADE BRASIL‐CUBA
RIO GRANDE DO NORTE – BRASIL
EDIÇÃO Nº 173 – ANO III
Cuba celebra Revolução em Dia da Rebeldia Nacional
Os cubanos comemoraram, na segunda, dia 26, o 57º aniversário do assalto ao Quartel de Moncada. A data, maior festa da Revolução, é conhecida como o Dia da Rebeldia Cubana. O presidente Raul Castro comandou ato na Praça Ernesto Che Guevara, em Santa Clara, onde repousam os restos do guerrilheiro argentino. Fidel, contudo, não esteve presente. Ele participou, no sábado, dia 24, de uma cerimônia em memória dos ex-combatentes da revolução.
No ato da manhã, Raul foi aclamado pela multidão que, com gritos e palavras de ordem, expressou seu compromisso com a Revolução, o socialismo e com o líder histórico Fidel Castro.
A direção do Partido Comunista dedica este 26 de Julho ao libertador Simón Bolívar e ao Bicentenário das Independências na América Latina. A tomada do quartel por um grupo de jovens sob a liderança de Fidel Castro, em 1953, iniciou a luta contra ditadura de Fulgêncio Batista, que terminou com o triunfo revolucionário de 1º de janeiro de 1959.
Na ocasião, muitos guerrilheiros morreram e Fidel foi preso, julgado e condenado a 15 anos de prisão. Por ser advogado, ele se pronunciou em autodefesa diante do tribunal e, após 22 meses de prisão, foi libertado com a anistia geral de 1955.
Compareceram aos atos comemorativos os combatentes da Revolução que participaram do histórico 26 de Julho, expedicionários do Granma, habitantes da região e outros lutadores cubanos. Também estiveram presentes membros do Comitê Político do Partido Comunista, dirigentes do governo e das organizações de massas, das Forças Armadas Revolucionárias e do Ministério do Interior, bem como uma ampla delegação da Venezuela.
Conquistas da Revolução
Em festejos prévios, no sábado, Raul Castro listou as principais conquistas da Revolução. “Cinquenta e cinco anos é um período curto na vida de um povo, mas o suficiente para confirmar que o 26 de julho marcou o início de uma nova era na história de Cuba”, disse o presidente.
Ele elogiou as palavras que seu irmão Fidel empregou, em 1973, durante o 20º aniversário do assalto ao Quartel de Moncada. Considerou que Fidel, a quem dedicou a celebração, expressou, de maneira exata e precisa, “a dura realidade que estava por vir e as formas de enfrentá-la”.
“Em um dia como hoje, em 1973, Fidel afirmou que a única salvação para os povos da América Latina era unir-se e livrar-se da dominação imperialista, pois só assim conseguiriam um lugar entre as grandes comunidades humanas”, disse ele.
Raul afirmou ainda que, desde daquele “ato memorável de 1973, apenas as profundas convicções e a firme determinação de nosso povo para resistir e vencer tornaram possível a celebração, com orgulho e com otimismo, de mais este aniversário”.
Ele destacou que, em 1953, a expectativa de vida “em Cuba era de 59 anos, quase 20 a menos que a atual”. Lembrou que “no passado, prevalecia o tempo de inatividade, as longas filas de desempregados, o desalojamento dos camponeses das terras que cultivavam e dos trabalhadores de suas casas porque não podiam pagar o aluguel; não devemos esquecer a imagem terrível de crianças morrendo de fome, implorando esmolas, sem médicos ou escolas”.
Falou ainda dos últimos investimentos, apesar da difícil situação de Cuba, do incremento ao turismo e das ações realizadas com a colaboração da Venezuela. E levantou um grito, dizendo: “Em nome de todos os patriotas desta ilha, desde a heróica Santiago de Cuba, berço da Revolução, Fidel, lhe dedicamos este aniversário e vamos continuar a sua iniciativa de 26 de julho. Glória eterna a nossos mártires! Viva a Revolução! Viva Cuba livre!”, encerrou, recebendo a resposta da multidão: “Viva!”
A homenagem de Fidel
Usando o simbólico verde-oliva, Fidel Castro alegrou os cubanos neste fim de semana ao visitar uma cidade próxima a Havana pela primeira vez em quatro anos, o que alimentou a discussão relativa a sua participação ou não na principal festa da Revolução.
Para homenagear os rebeldes mortos no ataque ao Quartel de Moncada, Fidel visitou no sábado, dia 24, um mausoléu em Artemisa, 60 quilômetros a sudoeste da capital, vestido com sua camisa militar tradicional, mas sem as insígnias de comandante-emchefe.
Segundo as imagens de televisão, Fidel – com uma boa aparência – depositou flores nos túmulos dos guerrilheiros que morreram no ataque a Moncada, primeira ação armada da Revolução Cubana, saudou o povo e leu em pé e com fluidez uma mensagem “aos combatentes revolucionários de toda a Cuba”.
Foi a sexta aparição pública de Fidel Castro em 17 dias, mas a viagem a Artemisa marcou a primeira incursão fora de Havana desde que sua doença o tirou do poder, em julho de 2006.
Fonte: Vermelho.
Fonte: Vermelho.
Por que a mídia reacionária mente
sobre o retorno de Fidel
José Reinaldo Carvalho
“Fidel, Fidel, qué tiene Fidel, que los imperialistas no pueden con él?” Com este refrão os cubanos se acostumaram a saudar os discursos do líder da Revolução, Fidel Castro, invariavelmente combativos, enérgicos e impregnados de conteúdo antiimperialista. Nos últimos dias, com o reaparecimento em público do dirigente comunista, parece ter se criado na Ilha um ambiente propício à repetição do famoso estribilho. Para azar dos imperialistas.
Depois de quatro anos recolhido, em convalescença de uma grave enfermidade, o líder comunista ocupou a cena política em alto estilo. Por diversas vezes nos últimos dez dias, sem protocolo, em trajes informais e em tom coloquial, o primeiro-secretário do Partido comunista Cubano concedeu longa entrevista num programa televisivo, visitou instituições científicas e manteve um encontro com diplomatas cubanos.
Torrencial, enfático e agudo como sempre, Fidel magnetizou o público nacional e internacional com suas profundas análises sobre a conjuntura mundial, chamou a atenção para a crise econômica, os problemas ambientais e alertou para o perigo de guerra emanado das políticas do imperialismo norte-americano.
Internacionalista, manifestou solidariedade com os países ameaçados, especialmente a Coreia do Norte e o Irã. Foi o suficiente para que os imperialistas, reacionários e covardes de toda espécie levantassem nova cortina de fumaça com especulações e mentiras sobre as razões por que Fidel reapareceu em público.
É como se o estribilho entoado nas ruas e praças cubanas ao longo de mais de meio século de Revolução e construção do socialismo martelasse qual um espectro sonoro nas cabeças dos políticos, ideólogos e porta-vozes do imperialismo.
Foi com jogos de palavras, contorcionismos mentais, especulações, mentiras e cinismo que a mídia conservadora noticiou e interpretou a presença de Fidel e seus pronunciamentos. Aqui no Brasil até um exembaixador nos Estados Unidos, viúvo da diplomacia rastejante, foi mobilizado para dizer que sinalizam que nada vai mudar em Cuba.
Tais reações denunciam a desilusão dos inimigos de Cuba, verdadeiros abutres, com o fato de a natureza ser caprichosa, para azar dos sicários e terroristas que inúmeras vezes tentaram assassinar o líder cubano.
Eis que descobrimos mais uma qualidade, dentre tantas outras de Fidel: o mérito de estar vivo, loquaz, lúcido e vertical e de, aos 83 anos [completará 84 em 13 de agosto], permanecer na batalha de ideias, defendendo a razão dos povos, denunciando os crimes do imperialismo e da reação, com a voz e a pena, arma dos sábios que empunharam, quando necessário, também as armas de fogo da guerrilha revolucionária e libertadora.
É isto que causa espécie e provoca a furibunda reação dos inimigos de Cuba.
Ainda não refeitos do susto, os abutres e as aves de mau agouro anunciaram aos quatro ventos que o “reaparecimento”de Fidel, que coincidiu cronologicamente com o anúncio da libertação de prisioneiros, era um sinal de sua oposição a essa decisão do governo liderado por Raul Castro, seu irmão e sucessor na chefia do Conselho de Estado. Mas nenhum repórter ou articulista, embora engenhosos na mentira, foi capaz de apresentar uma palavra ou documento de Fidel, do Partido Comunista, força dirigente do país, nem de qualquer órgão de governo para corroborar sua versão, transmudada em fato por uma mídia especializada no goebbeliano método de transformar mentiras em verdades pela arte da repetição exaustiva.
Além da insatisfação com a decisão do governo cubano de liberar os prisioneiros, Fidel teria também manifestado seu inconformismo com o processo de transição em curso na ilha, pelo qual a liderança cubana faz enormes esforços para enfrentar os duros efeitos do criminoso bloqueio imposto a Cuba pelo imperialismo.
Sob a liderança do governo e do Partido Comunista, o povo cubano percorre seu caminho de reconstrução da economia, de defesa de suas conquistas revolucionárias, de preservação e aperfeiçoamento do sistema político do poder popular, pela continuidade do socialismo nas novas condições da presente época. As flexões estratégicas e táticas que a liderança cubana está levando a efeito são lógicas, compreensíveis, naturais e indispensáveis. Conduzirão ao fortalecimento e ao aperfeiçoamento do socialismo e, não se iludam seus inimigos, tornarão o povo cubano mais forte para enfrentar as ameaças e as tentativas de desestabilização e agressão. Desde que deixou a Presidência do Conselho de Estado e passou a dedicar-se a escrever e publicar suas reflexões, dentre as milhares que vieram à luz, não se encontrará uma só palavra
de Fidel contrária às políticas implementadas pelo governo cubano liderado por Raul Castro.
Se Fidel, Raul e os demais dirigentes cubanos debatem tais assuntos com gravidade e prudência, encarando-os e sopesando cada medida a adotar, cada passo a avançar ou recuar, com critérios e enfoques diversificados, é uma interrogação que somente as inteligências menores e as vontades mesquinhas podem apresentar.
Obviamente, o móvel dos inimigos da Revolução Cubana é pescar em águas turvas e descortinar um cenário de divisão e crise interna. As mudanças que propõem para Cuba nada têm a ver com as que ocupam o tempo e exigem o empenho da liderança do país.
Para os amigos de Cuba a presença lúcida de Fidel na cena política cubana e internacional é motivo de alegria.
Fidel é parte inseparável da história de Cuba e da humanidade, uma figura gigantesca dos séculos 20 e 21, indômito no enfrentamento dos inimigos dos povos, líder político incomparável,estadista de raro talento e um ser humano admirável de quem as gerações atuais de lutadores pela libertação nacional e a emancipação social têm muito que aprender.
Que seja bem-vindo, discurse, escreva, polemize, oriente os revolucionários e fustigue os inimigos. Estes nada poderão.
José Reinaldo Carvalho é secretário Nacional de
Comunicação do PCdoB e editor do Vermelho.