
Hélio Dutra Domingues nasceu em 1908 no
então Estado de Rio de Janeiro – Brasil, filho de Oswaldo José Dutra e Eulina
Domingues Dutra. Teve um filho, Sérgio Dutra, casado com Lourdes, e dois netos,
Sergio e Carolina, residentes no Rio de Janeiro, capital do Estado da
Guanabara.
Hélio Dutra desde pequeno contribuiu para a
economia da família, composta de sete membros, e trabalhou como mensageiro de
duas boticas no bairro de Ipanema. Depois foi meio-prático de farmácia –
conseguiu estudar até dois anos de estudos ginasiais -, office-boy,
datilógrafo, vendedor de apólices de seguro e foi reservista numa linha de
tiro.
Em 1934 passou a trabalhar em um
laboratório inglês. Ingressa no Partido Comunista Brasileiro.
Chega a Cuba com a missão, encarregada por
seus proprietários, de instalar uma filial do Laboratório Labrápia, no dia 29
de outubro de 1945, ao terminar a Segunda Guerra Mundial.
Entre 1946 e 1958, depois de muitos
percalços pessoais e financeiros consegue estabilizar uma pequena sucursal em
Havana e em 1948 abre uma sucursal em Colômbia e outra na cidade do México em
1950.
Em 1952 o general Fulgêncio Batista sobe
novamente ao poder e a luta revolucionária em Cuba se reinicia; os efeitos do
golpe ditatorial se fazem sentir em todos os aspectos da vida nacional e também
na indústria farmacêutica, afetada pela crise econômica e pelo contrabando
propiciado pelas autoridades da época.
Durante todo esse período, ocasionado por
conjunturas econômicas desfavoráveis, Hélio foi obrigado a sair momentaneamente
de Cuba, mas sempre optou pelo seu retorno à Ilha, como sede permanente do seu
trabalho.
As lutas revolucionárias que antecederam ao
triunfo da Revolução Cubana aproximaram a Hálio de suas idéias de transformação
social e da luta pelo alcance de justiça social. Apesar dos convites para
deixar o país e trabalhar com os norte-americanos, que ofertavam salários de
milhares de dólares, Hélio decidiu aderir ao processo revolucionário,
entregando o laboratório ao governo que o nacionalizou.
Foi testemunha dos grandes feitos da
Revolução Cubana e divulgador das idéias de José Martí, escrevendo, sob o
título da Frágua Martiana, numerosos artigos sobre a obra e a ação
revolucionária do Herói Nacional de Cuba.
Foi membro das MTT – Milícias de Tropas
Territoriais e membro do PCC – Partido Comunista de Cuba.
Casou-se pela terceira vez no dia 16 de
fevereiro de 1968 em Havana com a cubana Ela Alvarez Delgado, sua companheira
inseparável nos últimos 40 anos.

Hélio Dutra muito significou e significa
para o fortalecimento do vínculo entre Brasil e Cuba, desde a fundação da
Sociedade Cuba-Brasil em Havana, em 1961.
Sempre recebeu a todos os brasileiros,
desde os que não tinham visto no passaporte durante a ditadura militar
brasileira, período em que foram rompidas as relações diplomáticas entre os
dois países, até os exilados políticos desse período, e no período posterior
era referência brasileira em Cuba, sempre ao lado de Ela, incansáveis na
atenção aos muitos brasileiros que visitavam a Ilha por diferentes motivos.
Seu coração sempre possuiu as cores das
duas bandeiras, da brasileira e da cubana, como símbolo da solidariedade
incondicional entre os dois povos.
Hélio era respeitado tanto em Cuba como no
Brasil. Exemplo disto foi sua condecoração, em Cuba, com várias medalhas, como
a da Campanha de Alfabetização, a do CDR e a Feliz Elmuza, da União dos
Jornalistas de Cuba, quando completou 90 anos de idade. No Brasil, durante
algumas de suas viagens, era recebido e homenageado pelos amigos e
participantes do movimento de solidariedade brasileiro e lançou o seu livro
Querida Ilha em diferentes cidades desse país.
Faleceu a 18 de março de 2004, vinte dias
depois de Ela, com quem dividia seu trabalho de solidariedade entre cubanos e
brasileiros e que foi sua companheira na luta por um mundo melhor.
Hélio Dutra e Ela
Fonte: NESCUBA