Com números que indicam uma estratégia bem-sucedida de combate ao novo coronavírus, Cuba anunciou que o uso de dois medicamentos está por trás de seu aparente sucesso. Produzidos pela indústria de biotecnologia cubana, eles reduzem a inflamação em pacientes com COVID-19 em estado grave. Segundo o governo da ilha, graças a este tratamento foi possível uma redução drástica do número de mortes causadas pela doença.
Uma das drogas é o Itolizumab, um anticorpo monoclonal criado no Centro de Imunologia Molecular (CIM) usado no tratamento de linfomas e leucemias. O outro é um peptídeo também criado na ilha. O governo afirma que ele vinha sendo utilizado em ensaios clínicos em pacientes com artrite reumatóide.
Usados no tratamento de Covid-19 a partir de abril, os fármacos ajudam a controlar o que a medicina chama de tempestade de citocina. Trata-se de uma reação exagerada provocada pelo novo coronavírus no sistema imunológico e que pode levar à morte.
"Cerca de 80% dos pacientes que chegam a estado crítico estão morrendo. Em Cuba, com o uso dessas drogas, 80% das pessoas em estado crítico ou grave estão sendo salvas”, disse o presidente Miguel Diaz-Canel nesta quinta durante reunião exibida na televisão estatal.
Os cientistas cubanos, no entanto, alertam que ainda são necessários grandes estudos controlados por placebo para avaliar a segurança e eficácia desses medicamentos. Mas as autoridades de saúde afirmam que os tratamentos experimentais ajudaram o país a alcançar uma taxa geral de mortes por Covid-19 de 4,2%, baixa em comparação com as médias regionais e globais de 5,9% e 6,6%, respectivamente.
Dados oficiais sugerem que Cuba tem se saído bem ao conter a pandemia. O país registrou menos de 20 casos por dia na semana passada, abaixo do pico de 50 a 60 em meados de abril. As autoridades de saúde relataram apenas duas mortes relacionadas à Covid-19 nos últimos nove dias. No total, a ilha com população de 11 milhões de habitantes registra 1.916 casos e 81 óbitos.