quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Querido Fidel,
 
Nesta data de seu nascimento, quando completaria 94 anos, sinto muitas saudades de nossas conversas. E, sobretudo, a falta de sua luminosa inteligência para nos guiar nessa nova conjuntura pandêmica.

A vida e a história são cheias de imprevistos. Com tantos atentados preparados pela CIA para assassiná-lo, quem diria que você passaria ao outro lado da vida tranquilamente na cama, cercado por pessoas queridas e celebrado por seu amado povo cubano? Quem diria que, sem que fosse disparado um único tiro, a União Soviética se desintegraria em 1991? Quem diria que os EE.UU. teriam um presidente negro e, a Igreja Católica, um progressista papa argentino?

Em conversas em sua casa, várias vezes você me falou da séria ameaça de uma guerra nuclear. Esse risco perdura. Mas quem diria que, neste ano, o mundo cessaria o seu giro devido a um invisível vírus conhecido por Covid-19?

Nossa querida Cuba, Fidel, reagiu à pandemia com o heroico esforço que som ou atitudes corretas do povo, dos profissionais da saúde e do governo. Comparada a outros países, poucas vidas se perderam, graças às medidas tomadas e acatadas pela população. E no espírito internacionalista e solidário que sempre marcou a história da Revolução, brigadas de Saúde se deslocaram para socorrer povos de dezenas de países.

O vírus expôs, como nunca, as vísceras podres do capitalismo, a abissal desigualdade social, a suprema contradição entre um sistema que produz admiráveis avanços tecnológicos mas não é capaz de evitar que a humanidade seja afetada por um simples vírus.

Agradeço a Deus o dom de sua vida, Fidel. Aqui prosseguimos na responsabilidade de sermos fiéis ao seu legado e dignos de seu exemplo de vida e de luta.
       

Venceremos, Comandante!
       

Fraternalmente
Frei Betto